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Big Tech vs Startup: como escolher baseado no seu momento de carreira

NaGringa Cast #01 - o primeiro episódio do nosso novo Podcast

Ouça o episódio de hoje no YouTube ou no Spotify.

Essa semana gravei o primeiro episódio do NaGringa Cast com Thiago Veras, engenheiro de software no Google. Eu passei os últimos 4 anos focando em startups (Brex, PostHog), enquanto o Thiago foi pro caminho das big techs (Microsoft, Google).

A conversa durou mais de 1 hora e me fez questionar várias coisas que eu achava que sabia sobre trabalhar em empresas grandes.

A verdade? Muita coisa mudou desde 2020. A “estabilidade garantida” das big techs não existe mais. Referrals não garantem nem que leiam seu currículo. E o processo de promoção pode levar 3 anos mesmo com performance excelente.

Mas também tem o lado bom: se você sabe o que esperar e como se preparar, entrar numa big tech continua sendo totalmente possível. Não precisa ser gênio. Precisa entender as regras do jogo.

Big Tech vs Startup: qual é a melhor pra sua carreira?

✨ O que esperar do artigo

  • Como funcionam os processos seletivos de Google, Meta e Microsoft na prática (com timelines reais e o que realmente avaliam)

  • Por que big techs são mais lentas e o que isso significa pro seu crescimento de carreira

  • Ações concretas se você quer tentar uma big tech nos próximos meses


O processo seletivo real: da aplicação até o primeiro dia

Vou ser direto: o processo de big techs é padronizado e previsível. Google, Meta, Microsoft, Amazon: todas seguem mais ou menos o mesmo roteiro.

Aqui está o que o Thiago passou ao entrar no Google:

  1. Aplicação → conversa com recrutador

  2. Online assessment (coding test sozinho, na plataforma deles)

  3. Phone screen (45min-1h de coding ao vivo)

  4. Googleyness Assessment (~40 perguntas comportamentais em 15 minutos)

  5. Onsite (4 entrevistas seguidas: 3 técnicas + 1 comportamental)

  6. Team matching (o famoso “Tinder de times”)

O que surpreendeu: depois de passar no onsite, você ainda não tem emprego. Você entra numa fila de “team matching” onde times olham seu perfil e decidem se querem conversar com você. Pode levar dias ou meses dependendo da sua performance.

O Thiago teve um pouco de sorte (ou arrasou demais na entrevista, o que eu acho mais provável). Recebeu o primeiro convite de time no mesmo dia que passou no onsite. Mas ele conhece gente que ficou meses esperando.

O que eles realmente avaliam

A conversa esclareceu algo que muita gente não entende: big techs não testam seu conhecimento de React, Django ou Kubernetes. Elas testam fundamentos.

“Cara, aprender uma arquitetura de microserviço, aprender uma linguagem de programação... a gente pega isso com o barco andando. Mas aquela noção de resolver problemas de baixo nível, aplicar toda essa parte teórica da faculdade — isso é o que eles valorizam.” — Thiago

Por quê? Porque eles têm ferramentas internas pra tudo. No Google, até o editor de código é interno. Você não usa VS Code, não usa GitHub, não usa Datadog. Tudo é custom.

Então eles focam no que é transferível: algoritmos, estruturas de dados, system design, capacidade de resolver problemas complexos do zero.

Ação concreta se você vai aplicar

Esqueça estudar frameworks específicos. Foque em:

  • Algoritmos fundamentais: busca binária, DFS/BFS, programação dinâmica

  • Estruturas de dados: arrays, hash tables, árvores, grafos

  • Prática de coding: LeetCode, HackerRank, Codeforces

  • System design (se for pra sênior+): como arquitetar sistemas que escalam

O Thiago recomenda o livro “Cracking the Coding Interview” se você gosta de ler. Mas a verdade? “Eu não sou pessoa de livro. Eu vou lá e faço questão atrás de questão até entender.”

Eu e o Thiago vamos lançar no mês que vem um novo guia: Como Conquistar sua Vaga em Big Tech. Ele cobre especificamente os processos seletivos de Big Techs americanas, com módulos de preparo e estratégia (com o Thiago) e entrevista comportamental (comigo).

A expectativa é que a gente lance a primeira parte no mês que vem. Enquanto ele está em pré-venda, você pode adquiri-lo com desconto por aqui. E, quem fizer, já pode tirar dúvidas comigo ou com o Thiago diretamente pelo nosso grupo no WhatsApp.

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Mais detalhes sobre isso no final da newsletter.


A velocidade real: por que tudo demora tanto

Uma das maiores diferenças entre startups e big techs? Velocidade de execução.

No PostHog, onde eu trabalho, é esperado que você abra PRs no primeiro dia. No Google? Thiago levou 2 meses até começar a escrever código de verdade pro time dele.

Não é porque ele é lento. É porque o onboarding é gigante:

  • Primeiro mês: aprende ferramentas internas do Google

  • Segundo mês: aprende o código do seu time

  • Daí pra frente: começa a trabalhar de verdade

E quando você finalmente escreve código, ele não vai direto pra produção. “Às vezes demora duas, três, quatro semanas desde o merge até que o código entre em produção. Tem várias camadas de teste. Se a gente montar um código sensível e quebrar produção, vai afetar a vida de muita gente.”

Na startup é diferente?

Completamente. Na Meta, por exemplo, você faz deploy no primeiro dia. É parte da cultura.

Mas isso tem trade-offs. Velocidade vs. qualidade. Big techs podem demorar mais porque trabalham em escala absurda. Um bug no Google pode afetar bilhões de usuários.

O que isso significa pra você

Se você está começando carreira e quer aprender rápido, startups podem ser melhores. Você vai errar mais, mas vai aprender na prática.

Se você quer aprender a fazer coisas complexas do jeito certo, big techs te ensinam processos que outras empresas ainda não descobriram.

Não existe certo ou errado. Existe alinhamento com onde você está.


Promoções: prepare-se para esperar

Aqui está a parte que mais me surpreendeu: promoções em big techs demoram MUITO.

Eu estava acostumado com startups onde, se você manda bem, pode ser promovido em 1 ano. No Google? 2-3 anos por nível é normal, não exceção.

“Eu fiz meu review agora. Estou longe de estar pronto pra ser promovido. Pra virar sênior eu vou precisar de pelo menos uns dois anos e meio a três anos. Tem gente que é pleno há quatro anos e meio na empresa.” — Thiago

Por que demora tanto?

Três razões principais:

1. Os requisitos são muito específicos

Pra virar sênior no Google, não basta programar bem. Você precisa:

  • Liderar projetos complexos de ponta a ponta

  • Mentorear pessoas júnior/pleno

  • Participar de iniciativas de diversidade

  • Melhorar o ecossistema interno da empresa

2. Você precisa provar consistência

Não adianta ter 1 trimestre bom. Você precisa provar que opera no próximo nível por 1-2 anos antes de ser promovido.

3. Budget e política entram na jogada

“Cada org é como se fosse uma empresa. Às vezes aquela org, o produto dela não está dando muito dinheiro, então o budget de promoção é menor. Não dá pra promover todo mundo, então tem que priorizar.”

O Thiago mesmo conhece pessoas afetadas por isso na Microsoft. Estavam prontas pra ser promovido, mas tinha gente no mesmo nível há mais tempo. Priorizaram os outros.

Isso é bom ou ruim?

Depende. A compensação vem junto. Big techs pagam bem e têm aumentos regulares mesmo sem promoção. Você não fica estagnado financeiramente.

Mas se você precisa de crescimento de título rápido (pra visa, pra próximo emprego, etc), startups podem ser melhor opção.


A verdade sobre referrals e networking

Deixa eu destruir um mito: referral não garante nada.

“Eu já dei referral pra uns 3 amigos na Microsoft e nenhum deles foi chamado. Já dei uns 2-3 referrals no Google, nenhum deles foi chamado também.” — Thiago

Antigamente, referral garantia que lessem seu currículo. Hoje? Nem isso. Com as ondas de layoffs e hiring freezes, até referrals vão pra pilha normal.

Mas networking ainda importa

Paradoxalmente, networking importou mais que nunca. Só não da forma que você imagina.

“Quando eu decidi sair da Microsoft, eu literalmente só mandei mensagem pros meus amigos no Brasil falando que ia mandar referral. E aí eu fui fazer o processo com eles.”

O networking não te garante o emprego. Mas te dá:

  1. Informação interna sobre como é trabalhar lá

  2. Alguém que conhece seu trabalho pra falar por você internamente

  3. Portas que se abrem naturalmente quando você faz bom trabalho

“Você sempre está trabalhando em times impactantes com gente que é muito boa. Quando eu comecei na IBM, meu primeiro manager hoje está aqui no Vale do Silício. Me ajudou a descarregar caminhão de mudança. E o dia que eu quiser, ele me faz referral pra eu tentar o processo lá.”

Ação concreta sobre networking

Pare de pensar em networking como “ir em eventos”. Networking acontece no trabalho.

Faça seu trabalho tão bem que as pessoas com quem você trabalha queiram trabalhar com você de novo. Esse é o networking que importa.


A realidade de 2025: estabilidade não existe mais

Talvez a parte mais importante da conversa foi sobre mudanças na cultura de big techs.

“Eu acho que essa estabilidade foi embora já tem um bom tempo. Alguns anos atrás, beleza, você entrou na big tech, vai ficar tranquilo lá pra sempre. Mas as coisas foram mudando.”

O que mudou:

  • Layoffs atingem até bons performers se o produto é cortado

  • Pressão aumentou (mais projetos, mais responsabilidade, menos gente)

  • Benefícios diminuíram (menos mordomias, mais cobrança)

Microsoft, por exemplo, era conhecida por work-life balance tranquilo. “Agora se você não tem performance boa, já está começando a rolar bastante layoff. Eles estão te delegando mais projetos. Às vezes você é owner de um serviço sendo júnior.”

O que fazer com essa informação

Não escolha big tech pela “estabilidade”. Escolha porque:

  • Quer aprender a trabalhar em escala

  • Quer mentoria de gente muito boa

  • Quer compensação forte (que ainda existe)

  • Quer nome da empresa no currículo

Mas sempre tenha plano B. Mantenha seu GitHub ativo. Mantenha contatos. Continue estudando.

“Eu foco mais em evoluir como pessoa, como programador, entregar bastante, me sentir desafiado. Isso é onde eu tenho controle. O resto não está no meu controle. Não tem muito que eu posso fazer.” — Thiago


🌟 Resumo

Sobre processos seletivos:

  • Big techs testam fundamentos (algoritmos, estruturas de dados), não frameworks específicos

  • O processo é previsível: online test → phone screen → onsite → team matching

  • Prepare-se estudando LeetCode e praticando coding interviews

Sobre o dia a dia:

  • Tudo é mais lento por design (processos, deploys, onboarding)

  • Você trabalha com ferramentas internas. Nada de VS Code, GitHub, AWS padrão. E isso é por necessidade: essas empresas não tinham acesso a essas soluções quando começaram a ter os problemas que elas resolvem.

  • Troque velocidade por aprender a fazer coisas complexas em escala

Sobre crescimento:

  • Promoções levam 2-3 anos por nível (não 1 ano como em startups)

  • Você precisa provar consistência, não só ter bons trimestres

  • Budget do time afeta suas chances (política existe)

Sobre networking:

  • Referrals não garantem nem que leiam seu currículo

  • Networking real = fazer trabalho tão bom que as pessoas querem trabalhar com você de novo

  • Mantenha contatos, mas não conte só com eles

Sobre estabilidade:

  • “Big tech = emprego pra vida” é mito em 2025

  • Layoffs acontecem mesmo com bons performers

  • Escolha pelo aprendizado e compensação, não por segurança falsa


📌 Próximos passos

Se você quer tentar big tech nos próximos 6 meses:

  1. Comece a estudar algoritmos hoje. LeetCode, HackerRank, um problema por dia

  2. Aplique direto no site. Não espere ter “networking suficiente”. Mas, se você tiver, a referral pode sim ajudar.

  3. Faça mock interviews. Com amigos, em plataformas como Pramp, ou sozinho com o ChatGPT/Claude/

Se você está decidindo entre big tech e startup:

  1. Pergunte a si mesmo: você prefere velocidade ou profundidade? Promoções rápidas ou aprendizado estruturado?

  2. Considere seu momento de vida: precisa de visto? Prefira big tech. Quer equity com potencial alto? Startup pode valer mais.

  3. Lembre: não é pra sempre. Você pode começar em um e ir pro outro. O Thiago mesmo foi startup → big tech. Eu fui big tech → startup.

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Você pode conferir na página os módulos em detalhes. Mas, resumidamente:

  1. Por Que Ouvir a Gente?

  2. Seu Plano de Imigração: para quem quer sair do país

  3. Decifrando o Processo Seletivo

  4. Seu Plano de Estudos Battle-Tested

  5. Dominando Entrevistas Comportamentais

  6. Q&A Ao Vivo

  7. Módulo 2: Coding Interview Mastery. Esse será lançado em Janeiro do ano que vem, onde depois teremos um aumento de preço.

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